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Monday, March 17, 2014

Tatá perde a carteira

O nosso grande amigo Maurílio Eduardo, mais conhecido como Tatá, teve um carro que marcou época em nossa turma. Tratava-se de um Gurgel Carajás branco, que foi testemunha de muitas cachaças sadias.

Em uma dessas, saímos com destino a uma batucada na praia de Pirangi do Norte, mais precisamente num bar chamado Cia. da Pizza, em frente à casa do Doido George.

Como de hábito, exageramos um pouco na bebida e, ao tentar atravessar um canal de esgoto existente do lado esquerdo da rua de quem está indo em direção à Natal, não consegui pular o mesmo e caí dentro da água fedida, não antes de deixar um buraco na minha canela, buraco este que ficou para sempre na minha perna direita e que demorou uns seis meses para cicatrizar.

Quando eu consegui sair do esgoto, Tatá se deu conta de que havia perdido a carteira, alegando que a mesma estava repleta de verdinhas, além dos documentos dele e do carro. Foi um desespero só. E eu, todo fedido, tentando ajudar o rapaz a encontrar a carteira dele. Evidentemente, ele julgou que sua carteira era mais importante do que a minha higiene.

Andamos todas as ruas nas cercanias da batucada e nada de encontrar a carteira do rapaz. Fomos então em uma casa que o pai de Juliano Jereba havia alugado para tomarmos banho e nos aprontarmos para a noitada, após eu garantir que emprestaria dinheiro ao grande Tatá.

Ao chegar à casa de Jereba, vasculhando as suas coisas para ir ao banheiro, Tatá se lembra que talvez tivesse colocado a carteira embaixo do banco do Carajás. Quando ele vai se certificar, eu entro no banheiro e vou tomar banho, ao invés de ficar esperando ele voltar.

Quando eu saio do banheiro, vou lá fora e me deparo com uma cena inusitada. A casa de Jereba era vizinha à casa de um grande amigo meu, do tempo do Colégio das Neves e da natação, André Luis, irmão de Márcio Breno. E nessa casa eu passei alguns memoráveis veraneios.

Voltemos então à cena. Tatá foi ao banheiro, mas este estava ocupado por mim. Resolveu então tomar banho na casa de André, numa bica que tinha do lado de fora da casa, mas dentro dos muros da propriedade dele.

Mas o banho que ele resolveu tomar era como se estivesse dentro do banheiro, nu. Quando eu chego à varanda, estava seu Ivo, pai de André, tentando explicar a Tatá que ali era uma casa de família e tal.

Tatá, com o braço esticado para fora do alcance da água, com a carteira na mão e com o resto do corpo debaixo da água, só repetia para o homem, aos berros, como se ele não fosse o dono da casa: “Meu amigo, eu achei minha carteira. Você não está entendendo, eu achei minha carteira, porra!!!”

Dali mesmo eu me escondi, pois não ia ser nada saudável ser associado àquele nudista, ainda mais por aquela família tão querida por mim. Calmamente, o indivíduo nu sai do chuveiro e se arruma ali, como se nada tivesse acontecendo. Mas ainda berrava sobre a carteira.

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