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Sunday, April 27, 2014

Não davam paz aos travecos

Naquele tempo em que não existiam baboseiras como as coisas politicamente corretas de hoje, diversão garantida era juntar uma turma e atirar objetos, pesados ou não, nos travestis e viados que faziam ponto ali na Igreja Santo Antonio, nos cruzamentos da Amintas Barros com a Salgado Filho. Uns ficavam na igreja, outros na calçada da fabrica de “confeitos” Sams.

Nesse contexto, sempre quem possuía carros tipo pick-up era escolhido pra levar os interessados em alvejar os travecos da Igreja. Num determinado dia, o escolhido foi o nosso querido amigo Fabiano Morais, mais conhecido nas rodas da malandragem como Koala, que possuía uma pick-up Pampa, da Ford.

Os indivíduos que iam de cagalona, portavam côcos, sacos de lixo, ovos e outras coisinhas mais. Koala para o carro em frente a eles e a infantaria fez o seu trabalho. Despejaram todo a munição em cima dos pobres trabalhadores da noite, que se defendiam e fugiam como podiam daquele ataque terrorista.

Eis que quando findou a munição, os travecos que escaparam entre os mortos e feridos, avançaram pra cima da Pampa de Koala, pois sabiam que eles estavam sem coisas pra atirar neles, e os travecos como sempre, possuíam canivetes e giletes.

Sentindo a aproximação da turma e temendo que a retaliação seria grande, Koala começa a tremer e não consegue sair com o carro, deixando que o mesmo estancasse quando tentava fugir. Como ninguém é besta, todo mundo saiu correndo do carro, deixando o solitário motorista sozinho, tentando ligar o carro e sem conseguir, devido ao altíssimo grau de nervosismo.

Foi quando olhou pro lado e se depara com um raivoso traveco ao seu lado, querendo tirar satisfações sobre os machucados que recebera, gratuitamente.

Koala então se saiu com a frase que ficou pros anais da historia e que também salvou a sua pele. Ele falou:

- Desculpa ai, Seu Viado, a culpa não foi minha não, eu só dei uma carona pros caras...

O travesti não sabia se ria ou se chorava por estar sendo chamado de “Seu Viado”, tão respeitosamente, que liberou a saída do urso, que depois daquele dia, nunca mais jogou nada em ninguém.

E quanto aos amigos de infantaria que deixaram Koala sozinho junto aos leões, digo, as leoas, correram tanto se acabando de rir que só pararam na casa de Pezão, que ficava a uns 12 quarteirões do local.

Tuesday, April 22, 2014

Tapuru e a gordinha da noite

O nosso herói Tapuru, numa fase braba em que estava mais pra fezes do que pra mousse de chocolate, resolve contratar os serviços de uma jovem meretriz que fazia ponto na Avenida Engenheiro Roberto Freire, perto do famoso prédio da Sistema, firma séria que trabalhava com informática, de propriedade de Sebastião Melo, pai do nosso querido Vitor “Chico Bento” Albuquerque, mas que à noite virava ponto de prostituição.

Tapuru, guiado mais pelo tesão enrustido do que pela lógica, parou o carro, mandou a jovem adentrar aquele seu famoso Uno Mille verde de duas portas e não se preocupou com mais nada. O detalhe é que a jovem, apesar de sua profissão, era o que poderíamos dizer, bastante fora de forma, pesando inclusive o dobro do peso do "musculoso" Tapuru.

Foram pro motel e fizeram aquela festa lá dentro, que eu poderia até descrever, mas sou impedido por uma ânsia de vomito imensamente forte, cada vez que tento imaginar o teor dessa passagem e assim como, da cena desse esqueleto se mexendo em cima da filhote de elefante.

Inclusive dizem que foi nessa noite que ocorreu aquela célebre história. Dizem que Tapuru mandou a jovem obesa ficar com as luzes apagadas, tirar a roupa e ficar deitada na cama, esperando por ele. Nisso ele foi ao banheiro, tirou a roupa e pulou em cima dela, com os braços abertos.

A menina ficou desesperada e chamando por Tapuru, disse:

- “Moço, moço, me ajude aqui que acabou de cair um crucifixo em cima de mim”.

Mas enfim, Tapuru pagou a conta do motel com cartão de credito e quando foi efetuar o pagamento pelos serviços prestados pela jovem, percebeu que não tinha um centavo sequer pra contar historia. Depois de uma breve discussão, foram até uma maquina 24 horas que tinha no Natal Shoping Center. Chegando lá, novamente frustração. Segundo Tapuru, a maquina estava fora do ar. Outro principio de tumulto, mas concordaram em ir até a maquina da AABB.

Tapuru desce e ela fica observando a cara do sujeito, que volta dizendo que a maquina também estava fora do ar. O pau cantou, mas eles chegaram a um acordo. A jovem morava na Vila de Ponta Negra e se, caso Tapuru levasse a mesma até a porta de casa, a dívida estaria perdoada.

O magro velho topou na hora, afinal a gasolina saia do bolso do velho Rui mesmo. Chegando na casa dela, a jovem desceu e Tapuru foi fazer a manobra pra poder voltar. O homem tava com um medo gigantesco de estar ali naquela região, naquela hora e sozinho. Quando percebeu, a menina começou a gritar por ele. Tapura não quis conversar, meteu os pés no carro, olhando pelo retrovisor. Foi aí que viu a menina no meio da rua e mesmo todo cagado de medo, resolveu voltar.

Deu marcha a ré e parando ao lado da gordinha, pergunta, com a liberdade de quem conhece-a muito intimamente: “O que foi, porra? Ta doida, gritando ai no meio da rua?“

Eis que a jovem mostra a carteira de Tapuru e diz: “Pega tua carteira aí magro velho, já vi que tu tá liso mesmo. Da próxima vez se liga que senão eu não devolvo nem os documentos”.

Tapuru saiu com um misto de sentimentos dentro daquela cabecinha amargurada. Como podia uma puta daquelas ser tão honesta? Como podia ela ter topado em fazer o programa de graça? Sim, ainda tinha gente boa nesse mundo.

Thursday, April 17, 2014

Polpa de frutas de Miami

Estive em julho de 2008 na Flórida. Por insistência quase religiosa do meu amigo Marcelo China Junior, armei acampamento no apartamento dele. China estava muito bem localizado em Miami Beach, ha dois quarteirões de agradável pedaço de praia em South Beach. Não preciso dizer quão agradável foram esses 10 dias que passamos por lá. China trabalhava durante o dia e durante à noite, nos sentávamos pra jantar, descer umas geladas e contar as resenhas do dia e relembrar as presepadas do passado. Sempre falando mal de um ou de outro, lógico.

Tudo isso não traria problemas pra ninguém, a não ser que quando a cerveja batia na cuca, toda noite lá pelas 3 da manhã horário de Miami e 4 da manhã horário de Natal, China aparecia com um numero de telefone na mão e um cartão de telefonemas internacionais na outra. E dizia: “Agora, vamos encomendar polpas de frutas diretamente de Natal!!”

Demorava uns cinco toques e lá atendia uma voz rouca e de sono. Era o nosso ilustre cidadão natalense Ovídio Cavalcanti, mais conhecido nas rodas da malandragem como “Vovô Babão”ou “Bôzo”.

A voz de cá dizia: “Ovídio, Ovídio, eu quero fazer um pedido de polpa de frutas, pode ser?”

A voz de lá, altamente irritada mas contida, respondia: “Amigo, voce sabe que horas são? Não ligue mais pra cá não, tenha respeito, tem outras pessoas na casa querendo dormir também”.

Quando tínhamos percebido que já havíamos atingido o objetivo de acorda-lo, a gente começava a rir e desligava o telefone. E assim foram sendo feitas as ligações, religiosamente no mesmo horário. Só não ligamos nos dias que passei em Orlando e em Key West, mas quando estava em Miami, pedimos as polpas. Inclusive certa feita foi o gordinho Gustavo quem atendeu.

No antepenúltimo dia, a irmã de Ovídio atendeu ao telefone e questionou: “Meu filho voce não acha que tá muito tarde pra compra polpa de frutas não?”

Eu respondi pra ela:

- “É por esse motivo que vocês não vão pra frente. Ficam escolhendo hora certa pra vender, em vez de apenas vender a porra da polpa da fruta, dar graças a Deus que arranjaram um cliente e pronto. Mas não, vocês ficam regulando hora, e vão terminar quebrados. É a globalização”.

Ela se irritou com tal observação, demos mais uma risadas e umas latidas, e desligamos.

No penúltimo dia, novamente Ovídio atendeu ao telefone e comecei a dizer que queria fazer um pedido. Ele então disse, puto da vida: “Vá amigo, faça seu pedido aí que eu estou anotando...”

- “Eu quero 5 sacos de acerola, 5 sacos de uva, 5 sacos de goiaba... está anotando?”

- “Estou amigo, estou anotando sim... vá falando que eu quero reconhecer a sua voz, bonitinho”.

- “Anotou tudo aí né? E banana? Tem banana?

- “Não amigo, não temos polpa de banana não”.

- “Eu não perguntei se voce tinha polpa de banana, a banana que eu quero é pra enfiar no teu rabo, filha da puta!!!”

Ele ficou possesso, demos novamente uns berros e desligamos.

No ultimo dia, em estado impar de embriaguez, resolvemos ligar uma derradeira vez pro nosso amigo industrial do setor de polpas.

Como na última vez que estive em Natal, o folião Nino Bugueiro sentou-se à minha mesa na Picanha do Dudé, bebeu, comeu e fugiu sem pagar a conta, ele iria pagar de outra forma.

Comecei a dar dicas no telefone que era Nino que estava por trás daqueles trotes todos. Num momento, sabendo que Ovídio estava na linha em silencio, eu disse pra China: “Ei Nino, ei Bugueiro, Vovô Babão desligou. Que bicho mais otário, bem que tu disse que ele pegava ar por tudo, igual aquela história da G Magazine...”

Ovídio, no alto de sua sapiência, e vendo que o numero que aparecia no seu Bina era da Telemar, nunca imaginou que quando alguém liga do exterior, em vez de aparecer o numero do cartão, aparece o numero da operadora local. Tendo essa informação em mãos, ele liga pra Telemar e começa a brigar com o sujeito que atendeu.

Não satisfeito, vai à delegacia de policia mais próxima e presta queixa contra o pobre funcionários da Telemar. Eis que Luciano Berberick, vendo a gravidade da situação, diz ao mesmo que pare com isso, que isso é presepada minha com China.

Ovídio então me escreve querendo saber se era verdade, que ele só queria saber, pois iria colocar um inocente atrás das grades. Evidentemente eu neguei e o pobre coitado funcionário da Telemar deve estar dando explicações até hoje.