
Tudo isso não traria problemas pra ninguém, a não ser que quando a cerveja batia na cuca, toda noite lá pelas 3 da manhã horário de Miami e 4 da manhã horário de Natal, China aparecia com um numero de telefone na mão e um cartão de telefonemas internacionais na outra. E dizia: “Agora, vamos encomendar polpas de frutas diretamente de Natal!!”
Demorava uns cinco toques e lá atendia uma voz rouca e de sono. Era o nosso ilustre cidadão natalense Ovídio Cavalcanti, mais conhecido nas rodas da malandragem como “Vovô Babão”ou “Bôzo”.
A voz de cá dizia: “Ovídio, Ovídio, eu quero fazer um pedido de polpa de frutas, pode ser?”
A voz de lá, altamente irritada mas contida, respondia: “Amigo, voce sabe que horas são? Não ligue mais pra cá não, tenha respeito, tem outras pessoas na casa querendo dormir também”.
Quando tínhamos percebido que já havíamos atingido o objetivo de acorda-lo, a gente começava a rir e desligava o telefone. E assim foram sendo feitas as ligações, religiosamente no mesmo horário. Só não ligamos nos dias que passei em Orlando e em Key West, mas quando estava em Miami, pedimos as polpas. Inclusive certa feita foi o gordinho Gustavo quem atendeu.
No antepenúltimo dia, a irmã de Ovídio atendeu ao telefone e questionou: “Meu filho voce não acha que tá muito tarde pra compra polpa de frutas não?”
Eu respondi pra ela:
- “É por esse motivo que vocês não vão pra frente. Ficam escolhendo hora certa pra vender, em vez de apenas vender a porra da polpa da fruta, dar graças a Deus que arranjaram um cliente e pronto. Mas não, vocês ficam regulando hora, e vão terminar quebrados. É a globalização”.
Ela se irritou com tal observação, demos mais uma risadas e umas latidas, e desligamos.
No penúltimo dia, novamente Ovídio atendeu ao telefone e comecei a dizer que queria fazer um pedido. Ele então disse, puto da vida: “Vá amigo, faça seu pedido aí que eu estou anotando...”
- “Eu quero 5 sacos de acerola, 5 sacos de uva, 5 sacos de goiaba... está anotando?”
- “Estou amigo, estou anotando sim... vá falando que eu quero reconhecer a sua voz, bonitinho”.
- “Anotou tudo aí né? E banana? Tem banana?
- “Não amigo, não temos polpa de banana não”.
- “Eu não perguntei se voce tinha polpa de banana, a banana que eu quero é pra enfiar no teu rabo, filha da puta!!!”
Ele ficou possesso, demos novamente uns berros e desligamos.
No ultimo dia, em estado impar de embriaguez, resolvemos ligar uma derradeira vez pro nosso amigo industrial do setor de polpas.
Como na última vez que estive em Natal, o folião Nino Bugueiro sentou-se à minha mesa na Picanha do Dudé, bebeu, comeu e fugiu sem pagar a conta, ele iria pagar de outra forma.
Comecei a dar dicas no telefone que era Nino que estava por trás daqueles trotes todos. Num momento, sabendo que Ovídio estava na linha em silencio, eu disse pra China: “Ei Nino, ei Bugueiro, Vovô Babão desligou. Que bicho mais otário, bem que tu disse que ele pegava ar por tudo, igual aquela história da G Magazine...”
Ovídio, no alto de sua sapiência, e vendo que o numero que aparecia no seu Bina era da Telemar, nunca imaginou que quando alguém liga do exterior, em vez de aparecer o numero do cartão, aparece o numero da operadora local. Tendo essa informação em mãos, ele liga pra Telemar e começa a brigar com o sujeito que atendeu.
Não satisfeito, vai à delegacia de policia mais próxima e presta queixa contra o pobre funcionários da Telemar. Eis que Luciano Berberick, vendo a gravidade da situação, diz ao mesmo que pare com isso, que isso é presepada minha com China.
Ovídio então me escreve querendo saber se era verdade, que ele só queria saber, pois iria colocar um inocente atrás das grades. Evidentemente eu neguei e o pobre coitado funcionário da Telemar deve estar dando explicações até hoje.
TÁ SEM FAZER NADA DAS CACHORRAS? Deixa Bôzo em paz homi....kkkkkk!!!!!
ReplyDeletekkkkkkkkkkkkk Rapaz, nao consigo!!!
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