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Monday, December 3, 2012

O lobo mau e o motoboy

Sábado à noite, eu e meu amigo Luciano Berberick chegamos à casa do ilustre Flávio Santiago (Xingu) para pegá-lo pra tomar umas boas e tocar um pagode. Ao estacionar o carro, percebo um entregador de pizza abrindo o baú da moto e pegando uma pizza que iria ser entregue na casa da família Santiago.

Automaticamente me veio uma idéia. Falei pro entregador: “Quer ganhar cinco reais extra? Me empreste ai o seu capacete que eu vou fazer uma brincadeira com o meu tio. Não se preocupe, eu sou da família”.

Ele acreditou, me deu o capacete e se escondeu juntamente com Luciano. Olhei por cima do muro e seu Rui Santiago (pai de Tapuru, Xingu e Caixa) estava sem camisa, conversando alguma coisa com dona Zélia (a mãe desses três acima), em pé na varanda, olhando pra televisão dentro de casa.

Apertei na campainha e ele falou que já estava indo. Não esperei nem dois segundos, dei três fortes chutes no portão de alumínio e gritei: “Bora, porra!!! Você pensa que eu tenho a noite toda aqui?”

Ele se assustou e veio devagar, arrastando as sandálias. Então falou, abrindo metade do portão, pegando a pizza só com o braço pra fora: “Calma meu rapaz, eu tenho que pegar o dinheiro lá dentro.”

Eu disse, escondendo um pouco a minha cara no portão para não ser reconhecido: “Calma uma porra!!! Você pensa que sou seu empregado pra ficar esperando aqui a noite toda? Vamos logo senão eu quebro esse portão todinho aqui”.

Acredito que ele desconfiou de alguma coisa, mas como poderia alguém saber que ele havia pedido uma pizza? Só podia mesmo ser o cara da pizzaria que estava alterado.

Quando voltou, trouxe Xingu à tiracolo, que foi o portador do dinheiro. Entregando-me a grana, perguntou: “O que é que ta pegando aqui?” Eu falei olhando pra seu Rui: “Foi trazer o filhinho bombado, foi? Você acha que eu tenho medo desse monte de bomba?”

Xingu começou a se inchar e disse: “Esse bicho ta querendo dar alteração é?” Quando ele falou essa frase clássica dele, eu não agüentei e caí na gargalhada. Tirei o capacete e não teve preço a cara de espanto deles. Não tinham outra solução senão rir do meu golpe de mestre.

O entregador ficou pedindo desculpas e todo mundo ficou rindo. Xingu disse: “Papai, como tu não reconhecesse Fabiano?” Seu Rui disse: “Do mesmo jeito que você não reconheceu”. E a gente ria.

Falei que pelo teatro bem feito, eu merecia pelo menos um pedaço daquela pizza. Entramos ainda rindo quando nos deparamos com Dona Zélia, apreensiva olhando para saber o que tinha acontecido.

Quando seu Rui contou, ela ficou brava de verdade. Começou a me xingar, dizendo que seu Rui não era meu amigo e nem tinha a minha idade pra participar de minhas brincadeiras. Fiquei escutando calado a bronca que recebia. Quando olho pro lado, se escondendo atrás da pilastra, seu Rui se acabava de rir da minha situação.

Ele ficava fazendo o sinal de “se fudeu!!!” com as duas mãos e rindo. Como a bronca não parava, fui embora sem comer a pizza, ainda debaixo dos protestos de tão protetora esposa.

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