Sábado à noite, eu e meu amigo Luciano Berberick chegamos à casa do
ilustre Flávio Santiago (Xingu) para pegá-lo pra tomar umas boas e tocar
um pagode. Ao estacionar o carro, percebo um entregador de pizza
abrindo o baú da moto e pegando uma pizza que iria ser entregue na casa
da família Santiago.
Automaticamente me veio uma idéia. Falei pro entregador: “Quer
ganhar cinco reais extra? Me empreste ai o seu capacete que eu vou
fazer uma brincadeira com o meu tio. Não se preocupe, eu sou da
família”.
Ele acreditou, me deu o capacete e se escondeu
juntamente com Luciano. Olhei por cima do muro e seu Rui Santiago (pai
de Tapuru, Xingu e Caixa) estava sem camisa, conversando alguma coisa
com dona Zélia (a mãe desses três acima), em pé na varanda, olhando pra
televisão dentro de casa.
Apertei na campainha e ele
falou que já estava indo. Não esperei nem dois segundos, dei três fortes
chutes no portão de alumínio e gritei: “Bora, porra!!! Você pensa que eu tenho a noite toda aqui?”
Ele
se assustou e veio devagar, arrastando as sandálias. Então falou,
abrindo metade do portão, pegando a pizza só com o braço pra fora: “Calma meu rapaz, eu tenho que pegar o dinheiro lá dentro.”
Eu disse, escondendo um pouco a minha cara no portão para não ser reconhecido: “Calma
uma porra!!! Você pensa que sou seu empregado pra ficar esperando aqui a
noite toda? Vamos logo senão eu quebro esse portão todinho aqui”.
Acredito
que ele desconfiou de alguma coisa, mas como poderia alguém saber que
ele havia pedido uma pizza? Só podia mesmo ser o cara da pizzaria que
estava alterado.
Quando voltou, trouxe Xingu à tiracolo, que foi o portador do dinheiro. Entregando-me a grana, perguntou: “O que é que ta pegando aqui?” Eu falei olhando pra seu Rui: “Foi trazer o filhinho bombado, foi? Você acha que eu tenho medo desse monte de bomba?”
Xingu começou a se inchar e disse: “Esse bicho ta querendo dar alteração é?”
Quando ele falou essa frase clássica dele, eu não agüentei e caí na
gargalhada. Tirei o capacete e não teve preço a cara de espanto deles.
Não tinham outra solução senão rir do meu golpe de mestre.
O entregador ficou pedindo desculpas e todo mundo ficou rindo. Xingu disse: “Papai, como tu não reconhecesse Fabiano?” Seu Rui disse: “Do mesmo jeito que você não reconheceu”. E a gente ria.
Falei
que pelo teatro bem feito, eu merecia pelo menos um pedaço daquela
pizza. Entramos ainda rindo quando nos deparamos com Dona Zélia,
apreensiva olhando para saber o que tinha acontecido.
Quando
seu Rui contou, ela ficou brava de verdade. Começou a me xingar,
dizendo que seu Rui não era meu amigo e nem tinha a minha idade pra
participar de minhas brincadeiras. Fiquei escutando calado a bronca que
recebia. Quando olho pro lado, se escondendo atrás da pilastra, seu Rui
se acabava de rir da minha situação.
Ele ficava fazendo o sinal de “se fudeu!!!”
com as duas mãos e rindo. Como a bronca não parava, fui embora sem
comer a pizza, ainda debaixo dos protestos de tão protetora esposa.
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