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Monday, December 3, 2012

Sorte e azar

Novamente sábado à noite e eu, Sérgio Coutinho (Boy), Humberto Grilo (Bebeto da égua) e George Meira Lima (O Doido) decidimos ir para uma festa em Pedro Velho, na região onde a família do Doido tem fazenda (mal assombrada). Já estávamos os quatro na camionete do Doido quando resolvemos passar na casa da namorada de Bruno da Cunha Lima (Operário Padrão) para botar o homem no caminho da perdição.

Inventamos uma emergência, que foi prontamente acreditada pela namorada do Operário e juntamente com ele, partimos pro nosso destino. Chegando à cidade, obviamente fomos diretamente a um bar. Nesse recinto, dois sujeitos locais não gostaram de nos ver brincando, contando piadas e queriam brigar com nós cinco. É brincadeira?

Falaram, falaram e nós ficamos quietos, pois por sorte deles não estávamos no clima pra briga naquele dia. Os sujeitos reclamavam que havíamos contado uma piada que continha palavrões e que aquilo ali era um ambiente familiar. Eu achava engraçado, pois as mesas do bar estavam na calçada e não tinha ninguém no bar alem de nós sete.

Pra acabar com o clima chato, falei pra eles: “Meus amigos, tudo bem, eu falei palavrão e agora peço desculpas!!!” Disse isso no intuito deles irem embora e que nós continuássemos a brincadeira em paz.

Quando eu me calei, O Doido, que já tinha uma garrafa de coca-cola nas mãos, levanta-se segurando a mesma pelo gargalo e grita: “Cachorra, desculpas não!!! Esses frescos fiquem felizes que não arrombo a boca deles com essa garrafa, mas desculpas não, nós não fizemos nada!!!”

Os caras saíram de fininho e nós, por vias das duvidas, fomos logo pra festa, que era da padroeira da cidade e localizada no meio da rua. Ao chegar na festa, cada folião arranja uma menina pra dançar e tudo parecia bem ate que observo uma pessoa conversando com Bruno e pouco tempo depois, ele sai cabisbaixo e me diz: “Puta que pariu, a empregada da casa da minha namorada me viu aqui, estou fudido, vamos sair dessa porra!!!”

Era o cumulo do azar. Acompanhei o nosso amigo ate outro bar e começamos a descer umas cervejas, comer uma galinha cabidela e reclamar da vida. Eis que a dona do bar aparece, senta à nossa mesa e começa a conversar com a gente. O tema central da conversa era um gato que ela tinha, que dizia ser o xodó dela, que o bicho era inteligente e coisa e tal. Eu já não agüentava mais, ainda mais porque gatos não fazem parte da minha lista de brinquedos prediletos.

Quando já estava perto de irmos embora, pagamos a conta e ficamos ali terminando a cerveja. A dona do bar se distraiu e o gato ficou me olhando, me secando, o puto. Bruno não acreditou quando eu comecei a chamar o gato, oferecendo pedaços da galinha cabidela. Quando o bicho chegou bem perto da minha mão, com a cara de “pidão”, eu dei um chute tão grande na cabeça do felino que o mesmo foi parar no meio da rua. Eu estava de botas.

O pessoal da mesa vizinha viu a cena e foi denunciar à dona do bar. Eu mandei Bruno correr e o mesmo não conseguia, devido à crise de riso por causa da desgraça do gato. Fui embora na frente, nos encontramos no carro do Doido e ficamos esperando pelo resto dos caras, sentados no chão, escorados em um poste.

O Doido não tinha mais condições de dirigir e então Sergio Boy assume a direção. Bruno senta no banco da frente, pois estava passando mal e poderia vomitar a qualquer hora. E não demorou muito. Pediu pra Sérgio parar em um posto de gasolina na estrada e vomitou.

Durante essa parada, um policial militar encosta e pergunta pra onde estávamos indo. Respondemos que para Natal e o mesmo pede uma carona. Imaginem ai a cena: cinco sujeitos bêbados dentro de um carro, já amanhecendo, acompanhados de um policial militar, todo fardado, com boina e tudo.

Ele sentou-se no banco da frente, entre Sérgio e Bruno. George estava sentado atrás de Sérgio, eu estava no meio e atrás do soldado e Bebeto atrás de Bruno. Até então, George estava dormindo, sem camisa e roncando, com a queixo apoiado no peito. Aliás, eu tinha certeza que ele estava dormindo.

Quando menos espero, o Doido dá uma tapa tão forte na cabeça do soldado que a boina dele cai nos pés e o estalo seco da pancada ecoou no carro. Ato contínuo, ele faz que está dormindo novamente. E pra quem o soldado olha puto? Obviamente que para mim, ate porque eu não conseguia parar de rir com o golpe tão certeiro.

O soldado disse: “Meu irmão, que brincadeira é essa? Você ta doido?” E eu sem conseguir parar de rir, respondi: “Meu amigo, não foi eu não. Foi ele.” E apontei pra George, que fingia roncar. “Ele um caralho. Não se faça de doido não, porra”, disse o raivoso soldado. Bebeto chegava a rinchar de tanto rir, o que aumentava ainda mais a raiva do militar, que estava em tempo de pegar seu revolver e matar todo mundo dentro do carro.

Pra encurtar a conversa, o soldado levou mais umas dez tapas de cada um dos passageiros do banco de trás, seguidas de gargalhadas que deixavam o homem doido. Ele já estava mesmo se revoltando de verdade quando Bruno pede pra vomitar novamente em São Jose do Mipibu. O policial desce do carro, esculhambando todo mundo e recusa-se a seguir viagem conosco.

Quando chegamos ao viaduto sobre a BR 101 que vai dar na estrada de Ponta Negra, houve uma rápida votação e os elementos do banco de trás ganharam, pois éramos maior numero e fomos tomar caldo de camarão com cerveja nas barracas de Ponta Negra, pra terminar a noitada.

Lá pelas oito da manha, decidimos ir embora de Ponta Negra. O Doido disse que iria dirigindo e encontrou forte oposição de Sérgio à essa idéia. Acho que Sérgio estava gostando de ser o motorista do bonde. O Doido então pegou a chave das mãos de Sérgio e sentou-se no banco do motorista. Sérgio, de birra, sentou-se em cima do capô do carro e disse: “Quero ver você ir embora comigo aqui!”

O doido não contou conversa e quando vimos aquela cena, não pudemos deixar de gargalhar. Sergio em cima do capô, deitado de barriga pra baixo, sem camisa, somente agarrado pelos limpadores de para brisa, dançando de um lado pro outro, em tempo de cair. Acreditem, o doido só foi parar o carro pra Sérgio entrar quando já estávamos no meio da estrada de Ponta Negra, voltando pra casa. E isso porque a cara de medo de Sérgio já estava dando medo em nós mesmos.

E nossos heróis mais uma vez chegaram em casa sãos e salvos.

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