Novamente sábado à noite e eu, Sérgio Coutinho (Boy), Humberto Grilo
(Bebeto da égua) e George Meira Lima (O Doido) decidimos ir para uma
festa em Pedro Velho, na região onde a família do Doido tem fazenda
(mal assombrada). Já estávamos os quatro na camionete do Doido quando
resolvemos passar na casa da namorada de Bruno da Cunha Lima (Operário
Padrão) para botar o homem no caminho da perdição.
Inventamos
uma emergência, que foi prontamente acreditada pela namorada do
Operário e juntamente com ele, partimos pro nosso destino. Chegando à
cidade, obviamente fomos diretamente a um bar. Nesse recinto, dois
sujeitos locais não gostaram de nos ver brincando, contando piadas e
queriam brigar com nós cinco. É brincadeira?
Falaram,
falaram e nós ficamos quietos, pois por sorte deles não estávamos no
clima pra briga naquele dia. Os sujeitos reclamavam que havíamos contado
uma piada que continha palavrões e que aquilo ali era um ambiente
familiar. Eu achava engraçado, pois as mesas do bar estavam na calçada e
não tinha ninguém no bar alem de nós sete.
Pra acabar com o clima chato, falei pra eles: “Meus amigos, tudo bem, eu falei palavrão e agora peço desculpas!!!” Disse isso no intuito deles irem embora e que nós continuássemos a brincadeira em paz.
Quando eu me calei, O Doido, que já tinha uma garrafa de coca-cola nas mãos, levanta-se segurando a mesma pelo gargalo e grita: “Cachorra,
desculpas não!!! Esses frescos fiquem felizes que não arrombo a boca
deles com essa garrafa, mas desculpas não, nós não fizemos nada!!!”
Os
caras saíram de fininho e nós, por vias das duvidas, fomos logo pra
festa, que era da padroeira da cidade e localizada no meio da rua. Ao
chegar na festa, cada folião arranja uma menina pra dançar e tudo
parecia bem ate que observo uma pessoa conversando com Bruno e pouco
tempo depois, ele sai cabisbaixo e me diz: “Puta que pariu, a empregada da casa da minha namorada me viu aqui, estou fudido, vamos sair dessa porra!!!”
Era
o cumulo do azar. Acompanhei o nosso amigo ate outro bar e começamos a
descer umas cervejas, comer uma galinha cabidela e reclamar da vida. Eis
que a dona do bar aparece, senta à nossa mesa e começa a conversar com a
gente. O tema central da conversa era um gato que ela tinha, que dizia
ser o xodó dela, que o bicho era inteligente e coisa e tal. Eu já não
agüentava mais, ainda mais porque gatos não fazem parte da minha lista
de brinquedos prediletos.
Quando já estava perto de
irmos embora, pagamos a conta e ficamos ali terminando a cerveja. A dona
do bar se distraiu e o gato ficou me olhando, me secando, o puto. Bruno
não acreditou quando eu comecei a chamar o gato, oferecendo pedaços da
galinha cabidela. Quando o bicho chegou bem perto da minha mão, com a
cara de “pidão”, eu dei um chute tão grande na cabeça do felino que o mesmo foi parar no meio da rua. Eu estava de botas.
O
pessoal da mesa vizinha viu a cena e foi denunciar à dona do bar. Eu
mandei Bruno correr e o mesmo não conseguia, devido à crise de riso por
causa da desgraça do gato. Fui embora na frente, nos encontramos no
carro do Doido e ficamos esperando pelo resto dos caras, sentados no
chão, escorados em um poste.
O Doido não tinha mais
condições de dirigir e então Sergio Boy assume a direção. Bruno senta no
banco da frente, pois estava passando mal e poderia vomitar a qualquer
hora. E não demorou muito. Pediu pra Sérgio parar em um posto de
gasolina na estrada e vomitou.
Durante essa parada, um
policial militar encosta e pergunta pra onde estávamos indo. Respondemos
que para Natal e o mesmo pede uma carona. Imaginem ai a cena: cinco
sujeitos bêbados dentro de um carro, já amanhecendo, acompanhados de um
policial militar, todo fardado, com boina e tudo.
Ele
sentou-se no banco da frente, entre Sérgio e Bruno. George estava
sentado atrás de Sérgio, eu estava no meio e atrás do soldado e Bebeto
atrás de Bruno. Até então, George estava dormindo, sem camisa e
roncando, com a queixo apoiado no peito. Aliás, eu tinha certeza que ele
estava dormindo.
Quando menos espero, o Doido dá uma
tapa tão forte na cabeça do soldado que a boina dele cai nos pés e o
estalo seco da pancada ecoou no carro. Ato contínuo, ele faz que está
dormindo novamente. E pra quem o soldado olha puto? Obviamente que para
mim, ate porque eu não conseguia parar de rir com o golpe tão certeiro.
O soldado disse: “Meu irmão, que brincadeira é essa? Você ta doido?” E eu sem conseguir parar de rir, respondi: “Meu amigo, não foi eu não. Foi ele.” E apontei pra George, que fingia roncar. “Ele um caralho. Não se faça de doido não, porra”,
disse o raivoso soldado. Bebeto chegava a rinchar de tanto rir, o que
aumentava ainda mais a raiva do militar, que estava em tempo de pegar
seu revolver e matar todo mundo dentro do carro.
Pra
encurtar a conversa, o soldado levou mais umas dez tapas de cada um dos
passageiros do banco de trás, seguidas de gargalhadas que deixavam o
homem doido. Ele já estava mesmo se revoltando de verdade quando Bruno
pede pra vomitar novamente em São Jose do Mipibu. O policial desce do
carro, esculhambando todo mundo e recusa-se a seguir viagem conosco.
Quando
chegamos ao viaduto sobre a BR 101 que vai dar na estrada de Ponta
Negra, houve uma rápida votação e os elementos do banco de trás
ganharam, pois éramos maior numero e fomos tomar caldo de camarão com
cerveja nas barracas de Ponta Negra, pra terminar a noitada.
Lá
pelas oito da manha, decidimos ir embora de Ponta Negra. O Doido disse
que iria dirigindo e encontrou forte oposição de Sérgio à essa idéia.
Acho que Sérgio estava gostando de ser o motorista do bonde. O Doido
então pegou a chave das mãos de Sérgio e sentou-se no banco do
motorista. Sérgio, de birra, sentou-se em cima do capô do carro e disse:
“Quero ver você ir embora comigo aqui!”
O doido não
contou conversa e quando vimos aquela cena, não pudemos deixar de
gargalhar. Sergio em cima do capô, deitado de barriga pra baixo, sem
camisa, somente agarrado pelos limpadores de para brisa, dançando de um
lado pro outro, em tempo de cair. Acreditem, o doido só foi parar o
carro pra Sérgio entrar quando já estávamos no meio da estrada de Ponta
Negra, voltando pra casa. E isso porque a cara de medo de Sérgio já
estava dando medo em nós mesmos.
E nossos heróis mais uma vez chegaram em casa sãos e salvos.
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