
O segundo e ultimo ENEAD que participei teve lugar em Vitória do Espírito Santo, maravilhosa ilha do sudeste brasileiro. Tudo ocorria perfeitamente bem, se é que podemos dizer que algo corre perfeitamente bem em um ENEAD.
Preparamos um churrasco no gramado que existia do lado de fora do nosso alojamento. A bebedeira começou lá pelas onze da manhã. Quando o relógio já marcava sete da noite, e com o teor alcoólico bem elevado, começa-se alguns casos de memórias amorosas.
Nesse sentido, o meu amigo Vaguinho contava-se de um caso que ele tinha com uma menina desde que era adolescente, coisa e tal, ainda quando morava no Rio de Janeiro. Como o assunto era mais delicado, nos distanciamos dos demais e fomos beber embaixo de um poste de luz, do outro lado do jardim.
Conversa vai, conversa vem, minha cerveja acaba. Eu grito pra Robson me jogar outra latinha. Ele pergunta se eu tenho certeza e eu digo que sim, que jogue logo essa porra.
E ele o fez. A trajetória da lata pode ser descrita como um arco. Ele jogou a lata pra cima, pra que quando estivesse caindo, chegasse às minhas mãos. Mas quando olhei pra cima, fiquei cego devido a luz do poste e a latinha fechada foi de encontro justamente à minha boca. Foi nocaute instantâneo. Cai e todos correram pra ver o estrago.
Pra dar uma de bichão, eu me levantei, ainda grogue, e disse que estava tudo bem, que nada demais havia ocorrido. Foi quando observei a careta de espanto que Vaguinho fez ao olhar pra minha cara. Olhei então pra minha camisa, que era branca, e estava vermelha. Passei a mão na boca e o lábio superior agora eram dois.
Comecei a entrar então em desespero. Vaguinho me pega pelo braço e me leva pro ambulatório. Os enfermeiros de lá fizeram a mesma cara de nojo. Disseram que eu tinha que ir pro hospital, que ali eles não eram capazes de dar pontos. Deram então um ponto frio (juntaram um corte e colocaram uma espécie de esparadrapo) e mandaram chamar alguém da organização pra me levar pro hospital.
Arranjaram-me um sujeito chamado Luciano, que estava muito doido de maconha. Entramos no seu corsa vinho e o bicho mandou os pés. Passava sem parar em qualquer quebra-mola, o que fazia minha dor aumentar umas dez vezes a cada paulada.
Disse a ele que fosse devagar nos quebra-molas, que eu podia agüentar a dor da espera, mas não a dor do solavanco. Foi inútil. Ele não escutava, estava muito doido pra isso. Mandei então ele se fuder e ficava em pé a cada quebra-mola, no banco de trás, pra tentar suavizar o impacto.
Chegando no hospital, Vaguinho quase quebra tudo, esculhambando o estudante plantonista pois o mesmo me mandou ir pro final da fila e na fila tinha umas 15 pessoas, com problemas menores. O maconheiro que nos acompanha apenas assistia calado ao espetáculo. Resolvemos voltar ao campus, e novamente lá vai quebra-mola pela frente.
Uma vez de volta à UFES, eu queria matar o puto. Foi ai que encontramos a minha salvação. Como se diz, esperança vem em várias formas. Ela era uma das chefas da organização, chamava-se Mariana e por sorte, o pai dela era o diretor do hospital público em que estive, uma espécie de Walfredo Gurgel. O detalhe era que eu tinha um plano de saúde da Hapvida que não era aceito em Vitória.
Quando soube do ocorrido e tentando mostrar que era “a poderosa” muito mais do que me ajudar, ela agarra no celular e telefona pro pai imediatamente, ordenando que o mesmo fosse pro hospital, que ele em pessoa iria dar os pontos na minha boca, que não parava de sangrar.
Lá vamos nós pro corsa vinho de novo e tome quebra-molas novamente. Dessa vez Vaguinho ia atrás comigo, pois a jovem ia na frente com o Luciano. A menina ia se segurando onde podia, mas não pedia pro cara ir devagar, o que me fez acreditar quer aquilo só podia ser putaria.
Dito e feito. O pai dela chega e já tem uma sala pronta pros procedimentos. O detalhe era que ele era vascaíno e ao saber que eu era flamenguista, já me ameaçou de deixar uma cicatriz à la frankstein. Tudo era brincadeira, e no final das contas, ele fez um excelente serviço e a Mariana já estava mais calma e também parecia uma pessoa boa.
Quando fomos nos despedir do médico já no estacionamento, Vaguinho fez questão de lembrar ao médico:
- A propósito, viemos aqui antes e tentamos ser atendidos, mas um filha da puta careca, estudante de medicina, foi muito grosso conosco e disse que a gente esperasse que talvez na manha seguinte pudéssemos ser atendidos, mesmo a gente dizendo que éramos amigos da Mariana e que estávamos no congresso de estudantes de administração, o que evidentemente era mentira, pois não mencionamos o nome de Mariana, pois nem sabíamos da existência dela no começo.
O médico ficou injuriado com o descaso para conosco e para com a sua filha e conseqüentemente com ele e disse que iria tomar as providencias dele, que o mencionado estudante estava em condições precárias de notas e que ele daria um jeito pra ele pagar a sua disciplina novamente, uma vez que o diretor também ensinava na faculdade de medicina.
E fomos pra casa satisfeitos, eu com a boca costurada e Vaguinho com a alma lavada, de saber que o abusado estudante teria que ter mais alguns meses vendo a cara do professor novamente.
Preparamos um churrasco no gramado que existia do lado de fora do nosso alojamento. A bebedeira começou lá pelas onze da manhã. Quando o relógio já marcava sete da noite, e com o teor alcoólico bem elevado, começa-se alguns casos de memórias amorosas.
Nesse sentido, o meu amigo Vaguinho contava-se de um caso que ele tinha com uma menina desde que era adolescente, coisa e tal, ainda quando morava no Rio de Janeiro. Como o assunto era mais delicado, nos distanciamos dos demais e fomos beber embaixo de um poste de luz, do outro lado do jardim.
Conversa vai, conversa vem, minha cerveja acaba. Eu grito pra Robson me jogar outra latinha. Ele pergunta se eu tenho certeza e eu digo que sim, que jogue logo essa porra.
E ele o fez. A trajetória da lata pode ser descrita como um arco. Ele jogou a lata pra cima, pra que quando estivesse caindo, chegasse às minhas mãos. Mas quando olhei pra cima, fiquei cego devido a luz do poste e a latinha fechada foi de encontro justamente à minha boca. Foi nocaute instantâneo. Cai e todos correram pra ver o estrago.
Pra dar uma de bichão, eu me levantei, ainda grogue, e disse que estava tudo bem, que nada demais havia ocorrido. Foi quando observei a careta de espanto que Vaguinho fez ao olhar pra minha cara. Olhei então pra minha camisa, que era branca, e estava vermelha. Passei a mão na boca e o lábio superior agora eram dois.
Comecei a entrar então em desespero. Vaguinho me pega pelo braço e me leva pro ambulatório. Os enfermeiros de lá fizeram a mesma cara de nojo. Disseram que eu tinha que ir pro hospital, que ali eles não eram capazes de dar pontos. Deram então um ponto frio (juntaram um corte e colocaram uma espécie de esparadrapo) e mandaram chamar alguém da organização pra me levar pro hospital.
Arranjaram-me um sujeito chamado Luciano, que estava muito doido de maconha. Entramos no seu corsa vinho e o bicho mandou os pés. Passava sem parar em qualquer quebra-mola, o que fazia minha dor aumentar umas dez vezes a cada paulada.
Disse a ele que fosse devagar nos quebra-molas, que eu podia agüentar a dor da espera, mas não a dor do solavanco. Foi inútil. Ele não escutava, estava muito doido pra isso. Mandei então ele se fuder e ficava em pé a cada quebra-mola, no banco de trás, pra tentar suavizar o impacto.
Chegando no hospital, Vaguinho quase quebra tudo, esculhambando o estudante plantonista pois o mesmo me mandou ir pro final da fila e na fila tinha umas 15 pessoas, com problemas menores. O maconheiro que nos acompanha apenas assistia calado ao espetáculo. Resolvemos voltar ao campus, e novamente lá vai quebra-mola pela frente.
Uma vez de volta à UFES, eu queria matar o puto. Foi ai que encontramos a minha salvação. Como se diz, esperança vem em várias formas. Ela era uma das chefas da organização, chamava-se Mariana e por sorte, o pai dela era o diretor do hospital público em que estive, uma espécie de Walfredo Gurgel. O detalhe era que eu tinha um plano de saúde da Hapvida que não era aceito em Vitória.
Quando soube do ocorrido e tentando mostrar que era “a poderosa” muito mais do que me ajudar, ela agarra no celular e telefona pro pai imediatamente, ordenando que o mesmo fosse pro hospital, que ele em pessoa iria dar os pontos na minha boca, que não parava de sangrar.
Lá vamos nós pro corsa vinho de novo e tome quebra-molas novamente. Dessa vez Vaguinho ia atrás comigo, pois a jovem ia na frente com o Luciano. A menina ia se segurando onde podia, mas não pedia pro cara ir devagar, o que me fez acreditar quer aquilo só podia ser putaria.
Dito e feito. O pai dela chega e já tem uma sala pronta pros procedimentos. O detalhe era que ele era vascaíno e ao saber que eu era flamenguista, já me ameaçou de deixar uma cicatriz à la frankstein. Tudo era brincadeira, e no final das contas, ele fez um excelente serviço e a Mariana já estava mais calma e também parecia uma pessoa boa.
Quando fomos nos despedir do médico já no estacionamento, Vaguinho fez questão de lembrar ao médico:
- A propósito, viemos aqui antes e tentamos ser atendidos, mas um filha da puta careca, estudante de medicina, foi muito grosso conosco e disse que a gente esperasse que talvez na manha seguinte pudéssemos ser atendidos, mesmo a gente dizendo que éramos amigos da Mariana e que estávamos no congresso de estudantes de administração, o que evidentemente era mentira, pois não mencionamos o nome de Mariana, pois nem sabíamos da existência dela no começo.
O médico ficou injuriado com o descaso para conosco e para com a sua filha e conseqüentemente com ele e disse que iria tomar as providencias dele, que o mencionado estudante estava em condições precárias de notas e que ele daria um jeito pra ele pagar a sua disciplina novamente, uma vez que o diretor também ensinava na faculdade de medicina.
E fomos pra casa satisfeitos, eu com a boca costurada e Vaguinho com a alma lavada, de saber que o abusado estudante teria que ter mais alguns meses vendo a cara do professor novamente.
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