Na
época que a turma do Queima Raparigal ainda estava reunida, um dos
pontos de encontro da rapaziada era na calçada da casa de Alexandre
Motta (Pezão), filho do ilustre Bob Motta.
Um dos costumes de então era o de “salgar” um individuo que falasse alguma merda, alguma coisa absurda, uma mentira ou qualquer coisa que “a comissão” julgasse como merecedora do “salga”.
Salgar uma pessoa era nada mais do que deixar essa pessoa no meio de uma roda de outras pessoas e baixar o cacete até as mãos e os pés dos agressores não agüentassem mais.
E “a comissão” era formada pelo primeiro individuo que identificasse uma merda falada e gritasse: “salga!!!”, tornando a brincadeira altamente democrática.
Porém, era perigoso acusar, pois se ninguém acompanhasse o acusador, ele apanhava também, para aprender a não acusar ninguém em falso.
Nesse sentido, todos tomavam cuidado com o que iriam falar, para não correr o risco de voltar pra casa com as orelhas queimando, a boca cortada ou as costelas avariadas.
Mas, para complicar ainda mais o seu próprio julgamento sobre como se comportar, se o sujeito ficasse muito tempo calado, também apanhava.
Assim, em uma noite em que todos estavam com muita vontade de bater, o nosso amigo Reginaldo Jales (O matuto), resolve abrir a boca e diz: “Ei pessoal, vocês viram que a coca-cola dois litros está em promoção no supermercado Sirva-se? Está custando apenas 2 reais”
Era a deixa que a turma estava esperando. Perguntaram: “O que isso tem a ver com a conversa, Matuto? Salga nele!!!” E baixaram o pau no Matuto.
Ele, do alto de sua ingenuidade, sem saber porque estava apanhando e ainda ofegante por causa da sessão de pau que havia tomado, pergunta: “O que foi, porra, acharam caro?”
Dessa vez, todos se olharam e caíram na risada e gritaram em uníssono: “Salga de novo, filha da puta!!!”
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