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Wednesday, February 27, 2013

Mentirinha se deu mal

Um grande amigo nosso, o Alexandre Motinha, mais conhecido como Mentirinha, gosta um pouco do exagero e utiliza-se da inverdade, em alguns casos (ou em muitos deles).

Se você diz que correu 10 km, o Motinha corre 20 km facilmente. Se você comeu Luana Piovani, Motinha comeu Jennifer Aniston. Se você comprou um carro básico por 30 mil, Motinha compra um modelo de luxo, do mesmo ano, por 20 mil.

Historia muito contada por ele foi a que seu irmão, também conhecido como Motinha entre os boleiros da época, jogava pelos juniores do Vasco. Então em uma partida preliminar de uma final carioca entre Flamengo e Vasco, o Motinha entra em campo defendendo a camisa dos juniores do clube da cruz de malta e as 150 mil pessoas presentes no Maracanã (que estavam ali pro jogo principal) gritaram em côro:

- Motinha, Motinha, Motinha, Motinha!!!

Ele garante que se arrepia todo quando se lembra. Ele acha que alguém é idiota de acreditar que alguém naquele Maracanã sabia ao menos da existência de algum Motinha na vida.

Mas, a maior de Motinha foi outra. A turma de amigos (amigos?) preparou uma presepada pro Motinha. Todos combinaram confessar que já haviam tido uma relação homossexual, que já haviam dado o rabo em algum momento da infância ou da adolescência. Era tudo mentira, somente pra induzir o Motinha pra ver até onde ele iria com suas cascatas.

O primeiro disse que havia dado o rabo quando pequeno, mas que havia se arrependido e que nunca mais tinha dado novamente. O segundo alegou que estava bêbado, mas que se lembrava e que tinha até gostado. Quando todo mundo contou sua experiência fictícia, fez-se um silencio e Motinha olhou pra todos os lados e berrou (sem ter a mínima idéia do combinado):

- Ah, eu também dei meu cu uma vez, lá no Rio Cumprido, depois de um pagode...

Ninguém se agüentou apos o seu relato e todos disseram que ele havia caído em uma pegadinha, que ele era viado e tal. Ele não sabia se desmentia e ficava com fama de mentiroso ou se assumia e ficava com fama de viado.

Mas o fato foi que ele contou com uma riqueza de detalhes tão grande que até hoje ninguém sabe se era mais uma de suas elaboradas mentiras ou se de fato ocorreu tal desgraça na vida do nosso grande Forrest Gump.

Tuesday, February 26, 2013

Dudu, o porquinho

O grande Eduardo Barros (Dudu) foi um dos presidentes do Centro Acadêmico de administração, no período que fiz faculdade. E a famosa viagem do Enead à Fortaleza, foi organizada por ele.

Um dos meus colegas de turma, o Bruno Lima, tinha planejado ir de carro à capital do Ceará, coisa que os pais dele não estavam gostando muito. Conversando, Dudu falou pra ele que o ônibus já estava pago e que se ele prometesse silencio, ele poderia ir de graça. Ele fez isso mais por consideração a mim do que ao próprio Bruno, pois nem conhecia o rapaz.

Cerveja vai, cerveja bem, batuque, coisa e tal. Bruno tinha mania de desenhar e quando cheguei perto dele, vi que havia desenhado um porquinho, bem gordinho e que na mesma hora achei o desenho parecidíssimo com o Dudu. Ele assinou o nome dele embaixo do desenho, como se fosse um artista. Esse foi o seu grande erro.

Eu peguei o desenho e guardei no bolso. Minutos depois, como quem não quer nada, pedi a caneta de Bruno (a mesmo que ele havia desenhado), alegando que queria anotar um numero de telefone. Rapidamente, peguei o desenho e escrevi em cima do porquinho, com letras de fôrma: “DUDU”.

Devolvi a caneta pra Bruno, que escutava seu disc-man calmamente e estava alheio à tudo. Comecei a mostrar o desenho de um em um e ninguém se agüentava, caía na gargalhada.

Quando o desenho chegou nas mãos de Dudu, o mesmo ficou possesso. Ameaçou parar o ônibus e colocar Bruno pra fora, em plena rodovia. Eu conversava com ele, acalmando-o, dizendo se tratar de uma brincadeira. Ele não queria acordo. Mas apos certo tempo de conversa, ele resolveu esfriar a cabeça.

Chegando em Fortaleza, ainda mantinha a hostilidade com o rapaz, que de nada entendia e me questionou o porque desse tratamento rude que estava recebendo. Eu disse que Dudu era meio doido mesmo, mas que no fundo era gente boa.

Até o dia de hoje, Dudu ainda pensa que Bruno desenhou o porquinho em sua homenagem. Espero que ele peça desculpas ao moço, apos mais de dez anos passados. Ou então irei pedir ao mesmo que faça outro porquinho, agora pra gente colocar numa moldura e pendurar nos corredores do setor I da velha UFRN.

Monday, February 25, 2013

Piteno e o Brizolão

Em um desses carnavais da vida que passamos na praia de Pirangi, na casa de Alberto Campos, vulgo Jacarezinho Egoísta, observamos que o grande Carlos Piteno, ao trocar de roupa, havia vestido uma “cueca de copinho”, de uma cor vermelha bem comunista, que chamávamos de Brizolão, por causa da cor das bandeiras de propaganda do político Leonel Brizola.

Observamos e ficamos calados, armando uma presepada pro Índio (outro apelido de piteno, por ser o irmão mais novo do Cacique), a ser aplicada durante a noite, no Circo da Folia.

O plano foi fantástico. Previamente, acertamos com um fotografo, desses que batem fotos de pessoas em festas pra vender depois, para que ele ficasse preparado pra bater uma seqüência de fotos de um rapaz. Ele se escondeu estrategicamente e ficou esperando a execução do plano.

Enquanto um individuo distraia o Pita, eu abaixei o seu calção folgado até os tornozelos, o que não foi muito difícil, devido à estrutura esguia (diria quase um faquir) do sujeito.

Ao mesmo tempo em que abaixei o calção, coloquei o meu pé no meio das pernas dele e pisei no calção, impossibilitando que Piteno subisse o mesmo novamente, uma vez que suas mãos nunca seriam mais fortes do que meus pés, e alem de que, ele se encontrava em posição bastante incomoda, só de cuecas, com a bunda pra cima e as mãos nos pés.

Pra completar ainda mais o quadro do terror, chegou um terceiro individuo e deu um leve empurrão no Índio, que sem equilíbrio algum, pois estava igual a um animal, amarrado pelas mãos e pés, cai lindamente no chão de paralelepípedo do Circo da Folia de Pirangi, ainda agarrado ao calção.

E o fotografo metendo o dedo no botão, mas sem conseguir direito bater as fotos, de tanto que ria, o nojento. Como todos sabiam da reação enfurecida do rapaz, seguramos o calção dele e as mãos por um tempo, depois desaparecemos tal qual fumaça, pra esperar o rapaz se acalmar.

Você imagine quantas pessoas, conhecidas e desconhecidas, não estavam tendo uma sincope de tanto rir dessa cena grotesca. O individuo Piteno calmamente se levanta, sobe o calção, coloca a camisa pra dentro deste e sai de cena. Como estávamos escondidos, ficamos observando a trajetória dele.

O fresco foi diretamente falar com o fotografo. Como poderia ele, debaixo de tanta pressão, ainda ter enxergado o fotografo na cena do crime? Escondido, eu fazia sinal pro fotografo que a gente pagava o que fosse preciso, que não aceitasse a proposta de Piteno.

Falei com ele depois, e o mesmo me garantiu que no final de semana seguinte, as fotos estaria na minha casa. Não sei o que o fresco do Piteno propôs ou disse, que o fotografo nunca apareceu com as fotos e quando eu o reencontrei, ele disse que havia vendido pra Piteno, pois havia ficado com pena.

Mais um plano infalível que foi prejudicado pela ganância humana.

Friday, February 22, 2013

O cacique epilético

O mesmo senhor Luis Cláudio, outro dia, se encontrava na Vila Folia, em Parnamirim, sem carona pra voltar pra sua toca, que na época era no edifício Vila Romana. Por acaso, se encontra com o nosso amigo Alexandre Santiago, vulgo Tapuru, que se encaminhava pro estacionamento.

Consegue a carona com o Tapura e tudo vai bem até que chegam no sinal que existia na Salgado Filho, em frente ao Machadão. Ao pararem no sinal vermelho, o cacique identificou um ônibus, lotado de turistas.

Desce do carro calmamente, pro espanto de Tapuru, e vai pra frente do ônibus, onde se joga no chão e começa a simular um ataque de epilepsia. Tapuru começou a entrar em desespero, sem saber o que fazer pra ajudar o rapaz, que se estrebuchava, fazia grunhidos, e se arranhava todo no chão.

Como ele estava na frente do ônibus, o motorista não podia sair e desceu pra ajudar o pobre cidadão epilético. Logo em seguida, desce os passageiros da frente e o cacique continuava a gritar e se contorcer. Com o ônibus quase todo na rua, preocupados e ligando pra conseguirem ajuda, o cacique observa quando o sinal estava prestes e abrir e faz sua presepada final.

Levanta-se calmamente, como se nada tivesse acontecido, e diz:

- Vamos embora, Tapuru, deixa essa cambada de besta ai.

Não é preciso nem dizer que saíram dali às pressas para não serem mortos à cacete.

Thursday, February 21, 2013

O cacique despido

Após uma pelada na casa do nosso amigo Denis Zambon, na Praia do Meio, todos se dirigiam pros bairros mais centrais, como Morro Branco e Lagoa Nova, pela avenida Salgado Filho.

Acontece que em frente ao estádio de futebol Juvenal Lamartine, tinha uma grande aglomeração de pessoas, devido a um show da apresentadora infantil Xuxa Meneghel.

O senhor Luis Cláudio, mais conhecido como o Cacique, resolve aprontar mais uma das suas. Como ele mesmo diz, tirou todas as roupas e ficou completamente nu, sem nem um chiclete na boca.

Desceu da canoa (Chevette que possuía na época) e foi desfilar por entre mães, crianças, pais revoltados e vendedores que por ali estavam. Quando os gritos de protestos começaram a ficar fortes demais, o Cacique resolveu se refugiar dentro da sua canoa e vestir-se.

Qual não foi sua surpresa ao constatar que o companheiro que estava com ele na canoa havia trancado as porta do carro e se divertia com a aflição do cacique nu, agora com as mãos escondendo “as partes” e batendo no vidro, começando a ficar aflito, pois a turba agora se aproximava do mesmo.

Num ato desesperado, tentou entrar no buggy de Marcio Cachaça, pra se sentar e se esconder, pois nessa hora ele não achava mais graça da impensada brincadeira. Outra vez, os viajantes do buggy negaram a sua entrada, e a massa já dava sinais claros de irritação, empurrando o cacique e exigindo explicações.

O amigo do canoa. Vendo que o cacique poderia ser linchado, abre o carro e deixa o mesmo entrar. Foi o tempo certo dele vestir a bermuda, conseguir sair dali e ser parado por uma viatura da policia à poucos metros do incidente.

Por sua sorte, a policia não foi muito rígida e em troca de um dinheiro pra cervejinha liberou o meliante, que prometeu a si mesmo nunca mais repetir tal façanha, ainda mais quando tiver acompanhado de tão solidários amigos.

Monday, February 18, 2013

A lista dos governadores

Em uma dessas raras reuniões noturnas em frente à casa de Frederico, pois o mesmo não se sentia à vontade quando as reuniões eram na calçada de sua casa, conversávamos sobre um tópico qualquer, muito provavelmente uma fofoca, quando o seu Djesum interrompe a conversa e diz, quase que pulando e com o dedo em riste:

- “Vou dizer a vocês a lista de todos os governadores do Estado do Rio Grande do Norte, desde que o Brasil é república!”.

Mesmo diante do grande espanto por parte de todos, ele começa a sua lista. Ninguém prestava atenção à aula de história que estávamos recebendo gratuitamente, mas ele se mantinha fiel e recitava um por um.

Terminada a lista, todos resolveram ir pra casa, afinal já devia ser próximo das 11 da noite e o sono já estava batendo.

Lá pelas 11 e meia, Alexandre Pezão já se encontrava na cama pronto pra dormir. A campainha então começa a tocar, incessantemente. O pai dele, Bob Motta, foi até o portão saber quem era o insistente visitante, que insistia na cigarra em hora tão inoportuna.

Era o seu Djesum, que pedia pra falar com Pezão. Bob disse que o mesmo já devia estar dormindo, mas ante a insistência do homem, foi lá dentro chamar o filho. Quando Pezão finalmente chegou na calçada, encontrou seu Djesum esbaforido, nervoso e disse:

- Pezão, Pezão, Pezão, rapaz, eu esqueci de dizer o nome de dois governadores. Fulano e beltrano, que governaram o estado de tanto a tanto.

Pezão, mesmo puto por ter sido tirado da cama, e cagando pra quem tinha sido governador ou não, não poderia deixar de dar uma gargalhada do inusitado e evidentemente, foi telefonar pra todos pra espalhar o ocorrido.

Saturday, February 16, 2013

Seu Djesum e a Kombi

Essa história se passou durante os anos em que o seu Djesum, que vem a ser pai do nosso grande amigo e conceituado contador, Frederico Lemos, possuía uma Kombi de transporte escolar.

Reza a lenda que Seu Djesum sempre gostou muito de cumprir os horários e ficava bastante chateado com algum atraso por parte dos pais ou das próprias crianças, mesmo sendo um homem bastante afável e cordial.

Eis que um belo dia, um dos meninos tinha um trabalho a ser apresentado em uma feira de ciências e este trabalho possuía uma maquete, feita de isopor e com bonecos playmobil e casas também feitas de isopor, alem de alguns palitos e uns sinais de papel com algumas explicações sobre o trabalho.

Como a criança estava demorando demais pra entrar na Kombi, pois estava com medo de danificar a maquete, e procurava uma posição adequada, o seu Djesum disse pra ele ir no banco da frente logo de uma vez, pois ali tinha mais espaço e ele também não podia ficar ali esperando o dia todo.

O menino, com cuidado excessivo com a maquete, esqueceu-se de verificar se a porta estava fechada direito, o que também não foi verificado pelo motorista, que já tinha a primeira marcha engatada.

Partiu e tudo parecia bem, ate chegar no cruzamento da Xavier da Silveira com a Bernardo Vieira. Eles vinham na Xavier e entraram bruscamente na Bernardo Vieira, que vem a ser uma curva à esquerda e que possui um leve declínio, deixando o lado do passageiro abaixo do lado do motorista no momento em que procedem com a curva.

Nesse exato momento, a porta do passageiro se abre e o menino da maquete cai do carro, rolando, por sorte, num terreno baldio, que as vezes jogavam bola, de areia fofa e mato.

Os meninos da Kombi avisaram a Djesum que tinham um a menos à bordo, pois ate então ele continuava firme no seu propósito de chegar à tempo na escola e foi então que ele percebeu o acontecido. Deu marcha à ré, e observou a cena.

Com os olhos cheios de areia e tentando consertar o que restou do trabalho, o menino olhava pra Kombi, à espera de alguma ajuda. Em vez de ajudar o menino, o Seu Djesum, preocupado com o atraso, já com a primeira engatada novamente e segurando com as duas mãos no volante, grita a frase que o fez famoso:

- Vamos embora, féla da puta, não ta vendo que tu ta atrasando todo mundo, não? Fica ai sentado nessa porra em vez de entrar logo no carro!!!

Thursday, February 14, 2013

Um burro na praça e outro no asfalto

Ao chegarmos em Currais Novos após a virada, fomos tomar cerveja em umas barracas que estavam montadas em frente ao Hotel Tungstênio. Pra animar mais ainda a brincadeira, jogávamos dominó, na modalidade conhecida como “burrinho”, onde se começa com três pedras e vai aumentando na medida em que se perde, se transformando no “Burro” quem atingir a quantidade de oito pedras primeiro, isto é, ter sete nas mãos e perder mais uma vez.

Quem perde, tem que imitar um burro, rinchando e dando coice, numa circuito a ser combinado previamente. Nessa seqüência, o nosso querido amigo Flávio Xingu foi o burro e deu um show.

Rinchou, deu coices, bufou, balançou a cabeça, empinou com as mãos fingindo estar segurando uma rédeas imaginarias, tudo isso em frente às moiçolas da cidade, que todas arrumadas e perfumadas desfilavam na área. Acredito que não teve uma pessoa naquela cidade que não caiu na gargalhada com a performance do grande índio.

Depois desse sucesso estrondoso, fomos pra casa do Rodrigo pra tomarmos um bom banho e irmos pra noite. Xingu estava possesso, pois tinha sido o único burro a perder e queria uma revanche a todo custo. Não conseguiu e conformou-se.

Fomos pra festa e quando voltamos, já passava das sete da manhã e ninguém se agüentava em pé. Todos se organizaram pra dormir, menos Xingu, que teimava em continuar acordado.

Como não arranjou companheiro pra cachaça que queria tomar a tomar, e como estava roendo mais do que o maior dos ratos, sentou à soleira da porta da frente da casa e ficou soltando pequenos galanteios pras pessoas que por ali transitavam, entre uma dose de whisky e outra.

- Ei, minha filha, você ta muito bonita hoje, dizia ele pra uma. “Meu senhor, vá devagar pra não cair”, dizia pra outro. “Minha senhora, se eu fosse você, não acordava tão cedo”, aconselhava outra. Ele dizia algo e caia na gargalhada sozinho, antes mesmo de terminar a frase, completamente embriagado.

A galera dentro da casa já não agüentava mais, todos queriam dormir e não podiam devido as gracinhas do índio. Quando pensávamos que o pior havia passado, Xingu resolve começar a cantar.

Márcio Careca então dá um grito, dizendo:

- Porra, Xingu, vai dormir caralho, seu corno de uma porra.

Nisso, Xingu, que nesse momento cantava um samba de Noel chamado O Gago Apaixonado, que ele conheceu através da gravação de Moreira da Silva e que cantávamos juntos todos vez que estávamos bêbados, não perdeu tempo:

- Eu tenho um amigo que não usa cueca, o nome dele é má-má-má-má-má-má-má Márcio careca!!!

Ninguém agüentou mais a fuleiragem do índio e estouramos na gargalhada. Ninguém dormiu mais. Ficamos ali conversando e resolvemos ir tomar café da manhã no hotel que fica situado no topo do açude Gargalheiras. Chegamos lá já eram umas onze da manhã e pra nossa surpresa, estava recheado com as mais belas representantes da sociedade natalense da época.

Era inacreditável o numero de beldades. Logo se começou outro jogo de burro e o perdedor, teria que sair da nossa mesa, descer as escadas, tocar em um dos carros, e voltar subindo as escadas ate sentar-se novamente à nossa mesa, tudo isso rinchando e dando coices.

Pro meu azar, o perdedor fui eu. Era vergonhoso demais. Neguei-me a ir, e iniciou-se uma discussão ferrenha entre dois grupos, os que apoiavam a minha ida e os que defendiam ser demais.

Xingu, que havia sido o palhaço da noite anterior e muito meu amigo, apoiou a minha decisão, o que me deu um grande respaldo. Márcio Careca estava indignado. Ele queria me ver malhado total.

Combinamos então que eu poderia dar meus trotes de burro na estrada que liga Acari à Currais Novos. Mas que a distancia tinha que ser grande. O triplo do tamanho. Topei e chegando lá, paramos os carros e marcamos uma arvore bem distante pra ser o meio do percurso. Iria ate a arvore e voltava, rinchando, dando coices, e com uma na frente segurando uma rédea imaginaria e outra dando tapas na minha própria bunda, pra incentivar o burro a correr mais.

Quando eu me meti a correr, só escuto um buzinaço e uma gritaria. Todo mundo saiu do restaurante ao mesmo tempo e todas as meninas que lá estavam, agora gritavam e riam daquele sujeito se fazendo de burro. Diminuíram a velocidade e foram me acompanhando ate a arvore. Fechei os olhos e continuei bravamente, debaixo de muito barulho.

Quando finalmente estava no meu caminho de volta, enxergo ao longe os seis galados rolando no chão de tanto rir. E eu vendo, pelo canto do olho, aqueles carros todos devagar, acenando, pulando e gritando, não pensei duas vezes: dei uma ultima rinchada gloriosa e uma arrancada que só parou dentro do carro do Careca, ainda escutando o burburinho da massa.