
Carlinhos fica calado e observando dentro de uma igrejinha, que fica ali na Ribeira, perto da ladeira de Marpas , onde estava sendo realizado um casamento. O sinal abriu e em vez dele sair, ele deu a volta e parou o carro e disse, com cara de puta:
- “Fabiano, você quer ver como estragar a vida de um cara inseguro?”
Curioso, quis saber do que ele estava falando. Com o carro ainda ligado e pronto pra fuga, o escroto do cabeção desce e só de bermudas e camisa, todo suado, grita pra dentro da igreja:
- “Rapaz, não case não, tu é corno, todo mundo sabe. Tu vai casar mesmo? Ha ha ha ha... nao faça essa besteira, rapaz... ha ha ha ha... nao case, tu é corno... ha ha ha ha... CORNO SAFADO!!!”
Ele falava e ria ao mesmo tempo, o que dava mais autenticidade ao seu discurso, como se de fato soubesse de alguma coisa da vida daquele pobre noivo que o mesmo desconhecia. O pobre diabo começou a se dirigir à porta e Carlinhos, que não é bobo, correu pra dentro do carro e fomos embora. Eu sem acreditar no que estava presenciando.
O bicho gargalhava tanto que eu pensei que ele ia morrer ou me matar, num acidente automobilístico. Quando ele conseguiu se controlar um pouco, já perto de casa, ele disse, com a naturalidade de um assassino em série:
- “Fabiano, esse rapaz nunca mais vai ter paz na vida. Se a noiva for puta, vai telefonar agora pros caras que comeram ela, pedindo explicações. Se for santa, vai ficar com fama de puta entre o noivo e os amigos e familiares. Já pensou, que azar desse cara a gente ter passado por aqui agora?”
- “A gente uma porra, você que fez a merda. Não coloque mais essa na minha já extensa lista de pecados”, rebati assustado.
Ele insistia que eu dei apoio e que eu poderia ter impedido que o mesmo fizesse tamanho desatino. Eu só sei que esse foi o maior ato de crueldade gratuita que eu já vi alguém cometer na vida. Se você casou nessa igreja por fim dos anos 1990 e acha que é corno, fique aliviado e saiba que tudo não passou de mais uma fuleiragem do nosso Rui Barbosa.
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