Em 1997, fomos a um Encontro Nacional dos Estudantes de Administração
(ENEAD) em Fortaleza. Como de hábito, a bagunça e a bebedeira começam
mesmo antes de entrarmos no ônibus. E dessa vez não foi diferente.
Chegamos
de manha cedo, alguns embriagados, outros com ressaca, e fomos procurar
nossas acomodações. Nessas ocasiões, ficávamos hospedados na
Universidade Federal anfitriã, e lá estávamos nós nas dependências da
UFCE, ocupando as salas de aula e arrumando os colchões que trouxéramos
de casa.
Após o café da manha, foram providenciadas
cervejas e já ligamos logo o mini trio elétrico que o pessoal do CA
possuía. Todos ali naquela brincadeira sadia e eu tive a idéia de
começar as sacanagens. Todas envolvendo Joab Maciel, é lógico.
Pra
começar, Beto Brilhante, outro entusiasmado integrante da excursão,
havia saído pra andar por outras delegações, pois alegava que conhecia
todo mundo, deixa o seu cooler ao lado do colchão.
Como
alguns malucos já haviam feito alguns furos do banheiro dos homens pro
banheiro das mulheres, pra observar as belas moças se banharem, a
direção do congresso resolveu transformar tudo em banheiro das mulheres e
os homens ficaram sem banheiro.
Nesse sentido, eu
consegui facilmente convencer a todos a urinarem dentro do cooler de
Beto, já que o mesmo não se encontrava no ambiente e que quando
chegasse, nós diríamos todos juntos que foi Joab.
Assim,
rapidamente enchemos o cooler do rapaz e me questionaram onde iriam
urinar a partir de então. Ora, eu disse, no colchão de Beto, uma vez que
Joab vai ser culpado também. E o engraçado era que Joab não estava
sabendo que todos iriam culpá-lo e era quem mais mijava nos pertences de
Beto.
Quando Beto voltou embriagado, deitou-se no
colchão e sentiu aquele molhado e aquele mau cheiro de arquibancada.
Fica puto e se levanta, querendo saber que porra era aquela, que
brincadeira de mau gosto era aquela com seu colchão e como iria dormir
depois daquilo.
Eu avisei que iria contar caso ele
jurasse segredo sobre quem contou a ele. Ele prometeu e eu disse em tom
conspiratório que tinha sido Joab, mas que ele não se preocupasse que
ele podia descontar, uma vez que o seu cooler se encontrava cheio de
urina.
Quando o bicho abriu o cooler, ficou ainda mais
possesso. E como havia sido combinado, começa a chegar os caras, de um
em um, dizendo ser uma sacanagem o que Joab fez, pra atiçar ainda mais a
ira do Bionicão.
O mesmo não contou conversa e
despejou o cooler cheio de mijo em cima do colchão de Joab.
Evidentemente, eu fui lá fora chamar Joab pra avisar. Eu disse:
-
Joab, Beto ficou doido quando viu o colchão dele todo molhado e
derramou 10 litros de mijo no teu colchão. Que porra é essa? Porque
somente no teu? Que marcação é essa?
Lá vai Joab tirar
satisfação com Beto. Eu cheguei junto pra Beto não me entregar, pois se
eu não tivesse lá, Beto diria que tinha sido eu quem o entregara.
E
Joab questionava de porque somente ele ter recebido tal punição e Beto
não dizia. Só sei que o gago desconfiou e disse, já gargalhando:
- Das Cachorras, galado, isso é coisa sua né?
O
bicho ficou rindo tanto que nem ficou puto e foi beber mais, com uma
sunga azul fluorescente ridícula e a barriga balançando. Quando ficou
bêbado de vez, foi dormir no colchão mijado mesmo, nem se lembrou. Mas a
raiva de Beto não passava.
Um maluco apareceu com um
tal de pó de mico, que faz a pessoa espirrar. A negada começou a colocar
no nariz de Joab, que dormia profundamente. O pó é bem forte e mesmo
com pequenas quantidades, a gente não consegue ficar sem espirrar. E
colocávamos de pouquinho em pouquinho no nariz de Joab e o mesmo nem se
mexia.
Beto vendo aquela cena e ainda puto pois não
tinha onde dormir, tomou o pote da mão de Bruno, o dono, e despejou na
mão e enfiou com todo gosto no nariz do gago, que acordou desesperado,
pensando que o mundo iria acabar.
Depois de uns 5 minutos espirrando, vermelho que nem um camarão, o gago tenta articular algumas palavras e me sai com essa
-
“Po-po-po-por-ra Beto, tu mi-mi-mi-ja no meu colchão, ga-ga-ga-la-do, e
ainda vem bo-bo-bo-tar essa merda no meu na-na-na-riz, porra? Vai fazer
o que mais, agora? Jo-jo-jo-gar merda, porra?”
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