Lá pelo ano de 1991, eu namorava com uma menina que morava em um
edifício na rua Clementino de Farias, em Morro Branco. Por infeliz
coincidência, era nesta mesma rua que morava Alexandre Motta, vulgo Pezão, e onde se reunia toda a turma de presepeiros do Queima Raparigal.
Um
belo dia à tarde, meio de semana, estava eu, essa menina e sua mãe a
conversar no portão do edifício. Numa cena fácil de acontecer, mas
difícil de acreditar, vejo entrar na rua, vindo da Xavier da Silveira,
um gol branco, tendo como motorista o senhor Ranyere Rodrigues, Pezão
como passageiro da frente e Fernandinho Bastos e Miguel Nasser no banco
de trás.
Eles iriam passar sossegados, porem quando me viram, vi o gol pegar mais velocidade e voilá, um cavalo de pau no cruzamento mais perto da casa de Pezão. A reação da mãe da menina foi a pior possível.
- O que é isso? Que irresponsável!!! Um carro poderia sair daquela rua e o acidente seria enorme!!!
E eu concordando, dizendo que sim, que era uma imbecilidade, e coisa e tal.
Não
satisfeitos, voltam e realizam a mesma manobra, só que dessa vez na
nossa frente. E eu disse para entrarmos, mas a senhora não queria
entrar, estava com muita raiva e queria ver até onde ia dar aquilo.
A
menina já tinha reconhecido os integrantes do carro e insistia também
para que entrássemos. A mãe disse para ficarmos, para não entrarmos,
pois ela não iria ficar sozinha.
Enquanto travávamos
essa batalha de convencimento para que ela entrasse, os alunos de Carlos
Cunha estavam doidos, dando um cavalo de pau lá e outro cá, e a
risadagem dentro do carro alcançava altos decibéis.
No
momento em que a menina puxava a mãe pelo braço e eu já respirava
aliviado, os frescos param o carro em frente ao portão e quando a mãe da
jovem já ia começar a desfiar as broncas, Pezão diz, calmamente:
- Das Cachorras, vamos ali no Tahi Lanches bater um rango?
Disse
isso e se acabou de rir. E numa clara demonstração que não se
importavam com minha fome e somente tinham o intuito de me queimar,
foram embora às gargalhadas.
E eu fiquei lá, com os
braços abertos e com uma cara de nádegas, sem nada poder dizer. Só sei
que a minha moral ali naquela família, se um dia existiu, começou a ruir
naquela brincadeira.
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