O Brasil perdeu a Copa de 98 como todos sabem,
mas isso não foi empecilho para que tomássemos as cervejas que estavam
preparadas para serem tomadas em caso de vitória.
Nesse sentido, fomos à Praia do Meio e ao Dom Quixote, onde a juventude se reunia após os jogos. Saímos do fuzuê lá pelas 10:00 da noite. Voltei pra casa com Marcio Bezerra (Marcio Careca).
Quando este estava no caminho da minha casa, percebeu uma barraca de rua que vendia fogos de artifício, afinal, estávamos próximos do São João. Com aquela risada de rapariga típica dele, diz: “Cachorras, vamos fazer um estrago hoje à noite?”
O careca usava uma pochete virada pra frente. Perguntou ao dono da barraca: “Me dê ai cinco bombas bujão da maior que voce tem!”. O rapaz apresenta umas bombas bem grandes e Márcio, do alto de sua experiência, sentencia: “Essas não, eu quero aquelas que voce tem escondido lá embaixo. Aquelas!!!”.
O sujeito se abaixa pra pegar umas bombas que guardava escondido. Nesse momento, o careca começa a colocar as bombas menores dentro de sua pochete. Colocou o que pôde.
Quando o sujeito me mostrou a bomba, eu não acreditei que aquilo pudesse ser vendida assim, pra qualquer civil. Deveria ser de uso exclusivo das forças armadas. Eram maiores do que minha mão. Pagamos pelas bombas e fomos a um posto de gasolina compra cigarros e isqueiro pra fabricarmos nossas bombas-relógio.
Para aqueles que desconhecem esse maravilhoso “device”, darei aqui uma aula de graça. Pega-se um cigarro e retira-se o filtro. A depender da espera que voce deseja, corte o cigarro em duas ou três partes, para ser mais rápido a detonação. Se quer esperar mais, deixe o cigarro inteiro.
Nós cortamos em três partes, afinal não queríamos esperar muito. Coloca-se a parte do cigarro que foi previamente cortada em cima do pavio, fazendo com que o pavio entre dentro do cigarro e fique ali acomodado. Coloque a bomba deitada e contra o vento, para o cigarro não apagar e o plano ir por água abaixo. Acenda o cigarro, dê uma forte tragada para que não pare de queimar, se esconda e observe a detonação e o desespero dos ocupantes do local a ser bombardeado.
Demorava mais ou menos uns 10 minutos, o que dava tempo suficiente para estacionarmos o carro num ponto estratégico e ficarmos na espreita. A primeira vitima foi Alessandro Leão. Ele não sabe quem foram os autores desse bombardeio ate agora. Espero que não queira se vingar de Marcio, uma vez que eu estou bem longe.
Colocamos o dispositivo em cima do muro e estacionamos o carro estrategicamente na casa de Mução (Rodrigo Pastel), que fica à poucas casas da residência de Leão. O estrago foi tão grande que acho que eles pensaram que estavam realizando um ataque aéreo à Natal. Saiu Alessandro, Fabio, Tiago e Mano, o pai deles, todos sem camisa e procurando saber o que houve.
Chegamos bem perto de morrer de tanto rir da reação deles. E esbravejavam que iam matar o filho da puta que fez aquilo. Gritavam: “Apareça, porra!!! Seja homem!!!” E a gente ali, ha poucos metros, tendo contorções de tanto rir.
Como Carlinhos Grilo (Ruy Barbosa) era muito amigo de Tiago Leão, planejei soltar uma bomba na casa da Família Grilo, somente pra semear a discórdia entre as duas famílias.
Armamos a bomba e paramos o carro na Cigarreira do Pedro. Outra vez, sucesso total. Quer dizer, parcial. As luzes da casa se acenderam, abriram a janela da cozinha, mas ninguém saiu na rua. Mas pelo menos acordaram.
Descemos mais um pouco na rua e fomos bombardear a casa da família de Frederico Lemos (O Doido Zé Zuada). Na casa dele foi melhor, pois o portão de grade nos permitiu chegar mais perto da varanda, o que nos deu uma enorme vantagem acústica. Paramos na lagoa de Morro Branco pra assistirmos de camarote.
Dessa vez o estrondo fez tremer até o gol branco do careca. Meu Deus, a cena de Djesum (pai de Frederico) só de bermudas na calcada, doido igual à uma barata que acabou de receber um borrifada de inseticida, correndo de um lado para o outro, procurando identificar o soldado que quase explodira a sua casa, me trás às lagrimas ainda hoje.
Interessante dizer que não havia dialogo entre eu e o careca entra uma missão e outra. Só gargalhadas. Gargalhadas no ultimo volume possível para um ser humano. E batíamos no vidro do carro. E Marcio parava o carro pra não colidir em nada, pois não conseguia ir alem. Recomeçava a andar e logo parava de novo. Senhor, cheguei muito perto mesmo de morrer naquele dia. Minhas tripas davam um nó.
O quarto escolhido para a missão, e como não poderia deixar de ser, foi a casa da família Santiago. Nessa altura, já era umas duas horas da manhã. O silencio na rua Meira Brandão era total. O dispositivo ecoou por toda a Praça Augusto Leite. Dessa vez, curiosamente, não ficamos pra ver quem saiu na rua.
Por fim, fomos na casa de Sérgio Coutinho. Nesse alvo a operação foi fantástica, digna de um soldado do IRA. Resolvemos inovar e colocar a bomba dentro do carteiro. Como ela era tão grande e não passava pela portinhola, tivemos que fazer malabarismos para colocar por dentro do muro. Isso sem falar que Bruma, a Rotweiller não dava sossego.
Conseguimos colocar por dentro do muro, uma vez que a caixa do correio não estava fechada a chave e acendemos. Fomos pra esquina e apagamos as luzes do carro. Quando a bomba estourou, alem de fazer com que o carteiro voasse longe em pedaços, levou também fragmentos do muro, fazendo com que a casa de Sérgio tivesse sido literalmente atingida por um morteiro ou coisa do tipo.
Acho que devido ao isolamento dentro da caixa do carteiro, essa bomba foi de fato perigosa e barulhenta. Não acordou somente a família Coutinho. Os vizinhos da frente e do lado também foram pra rua pra saber o que estava acontecendo. Todos de pijama pensando se tratar da terceira guerra mundial. Devia ter uma aglomeração de pelo menos uns 10 curiosos.
E assim como a Família Leão, gritavam querendo saber quem tinha sido o autor de tal façanha. Ah, se eles fossem andando pro Gol branco de Márcio que estava na esquina. Iriam nos linchar, pois não iríamos conseguir nos mexer de tanto rir.
Nesse sentido, fomos à Praia do Meio e ao Dom Quixote, onde a juventude se reunia após os jogos. Saímos do fuzuê lá pelas 10:00 da noite. Voltei pra casa com Marcio Bezerra (Marcio Careca).
Quando este estava no caminho da minha casa, percebeu uma barraca de rua que vendia fogos de artifício, afinal, estávamos próximos do São João. Com aquela risada de rapariga típica dele, diz: “Cachorras, vamos fazer um estrago hoje à noite?”
O careca usava uma pochete virada pra frente. Perguntou ao dono da barraca: “Me dê ai cinco bombas bujão da maior que voce tem!”. O rapaz apresenta umas bombas bem grandes e Márcio, do alto de sua experiência, sentencia: “Essas não, eu quero aquelas que voce tem escondido lá embaixo. Aquelas!!!”.
O sujeito se abaixa pra pegar umas bombas que guardava escondido. Nesse momento, o careca começa a colocar as bombas menores dentro de sua pochete. Colocou o que pôde.
Quando o sujeito me mostrou a bomba, eu não acreditei que aquilo pudesse ser vendida assim, pra qualquer civil. Deveria ser de uso exclusivo das forças armadas. Eram maiores do que minha mão. Pagamos pelas bombas e fomos a um posto de gasolina compra cigarros e isqueiro pra fabricarmos nossas bombas-relógio.
Para aqueles que desconhecem esse maravilhoso “device”, darei aqui uma aula de graça. Pega-se um cigarro e retira-se o filtro. A depender da espera que voce deseja, corte o cigarro em duas ou três partes, para ser mais rápido a detonação. Se quer esperar mais, deixe o cigarro inteiro.
Nós cortamos em três partes, afinal não queríamos esperar muito. Coloca-se a parte do cigarro que foi previamente cortada em cima do pavio, fazendo com que o pavio entre dentro do cigarro e fique ali acomodado. Coloque a bomba deitada e contra o vento, para o cigarro não apagar e o plano ir por água abaixo. Acenda o cigarro, dê uma forte tragada para que não pare de queimar, se esconda e observe a detonação e o desespero dos ocupantes do local a ser bombardeado.
Demorava mais ou menos uns 10 minutos, o que dava tempo suficiente para estacionarmos o carro num ponto estratégico e ficarmos na espreita. A primeira vitima foi Alessandro Leão. Ele não sabe quem foram os autores desse bombardeio ate agora. Espero que não queira se vingar de Marcio, uma vez que eu estou bem longe.
Colocamos o dispositivo em cima do muro e estacionamos o carro estrategicamente na casa de Mução (Rodrigo Pastel), que fica à poucas casas da residência de Leão. O estrago foi tão grande que acho que eles pensaram que estavam realizando um ataque aéreo à Natal. Saiu Alessandro, Fabio, Tiago e Mano, o pai deles, todos sem camisa e procurando saber o que houve.
Chegamos bem perto de morrer de tanto rir da reação deles. E esbravejavam que iam matar o filho da puta que fez aquilo. Gritavam: “Apareça, porra!!! Seja homem!!!” E a gente ali, ha poucos metros, tendo contorções de tanto rir.
Como Carlinhos Grilo (Ruy Barbosa) era muito amigo de Tiago Leão, planejei soltar uma bomba na casa da Família Grilo, somente pra semear a discórdia entre as duas famílias.
Armamos a bomba e paramos o carro na Cigarreira do Pedro. Outra vez, sucesso total. Quer dizer, parcial. As luzes da casa se acenderam, abriram a janela da cozinha, mas ninguém saiu na rua. Mas pelo menos acordaram.
Descemos mais um pouco na rua e fomos bombardear a casa da família de Frederico Lemos (O Doido Zé Zuada). Na casa dele foi melhor, pois o portão de grade nos permitiu chegar mais perto da varanda, o que nos deu uma enorme vantagem acústica. Paramos na lagoa de Morro Branco pra assistirmos de camarote.
Dessa vez o estrondo fez tremer até o gol branco do careca. Meu Deus, a cena de Djesum (pai de Frederico) só de bermudas na calcada, doido igual à uma barata que acabou de receber um borrifada de inseticida, correndo de um lado para o outro, procurando identificar o soldado que quase explodira a sua casa, me trás às lagrimas ainda hoje.
Interessante dizer que não havia dialogo entre eu e o careca entra uma missão e outra. Só gargalhadas. Gargalhadas no ultimo volume possível para um ser humano. E batíamos no vidro do carro. E Marcio parava o carro pra não colidir em nada, pois não conseguia ir alem. Recomeçava a andar e logo parava de novo. Senhor, cheguei muito perto mesmo de morrer naquele dia. Minhas tripas davam um nó.
O quarto escolhido para a missão, e como não poderia deixar de ser, foi a casa da família Santiago. Nessa altura, já era umas duas horas da manhã. O silencio na rua Meira Brandão era total. O dispositivo ecoou por toda a Praça Augusto Leite. Dessa vez, curiosamente, não ficamos pra ver quem saiu na rua.
Por fim, fomos na casa de Sérgio Coutinho. Nesse alvo a operação foi fantástica, digna de um soldado do IRA. Resolvemos inovar e colocar a bomba dentro do carteiro. Como ela era tão grande e não passava pela portinhola, tivemos que fazer malabarismos para colocar por dentro do muro. Isso sem falar que Bruma, a Rotweiller não dava sossego.
Conseguimos colocar por dentro do muro, uma vez que a caixa do correio não estava fechada a chave e acendemos. Fomos pra esquina e apagamos as luzes do carro. Quando a bomba estourou, alem de fazer com que o carteiro voasse longe em pedaços, levou também fragmentos do muro, fazendo com que a casa de Sérgio tivesse sido literalmente atingida por um morteiro ou coisa do tipo.
Acho que devido ao isolamento dentro da caixa do carteiro, essa bomba foi de fato perigosa e barulhenta. Não acordou somente a família Coutinho. Os vizinhos da frente e do lado também foram pra rua pra saber o que estava acontecendo. Todos de pijama pensando se tratar da terceira guerra mundial. Devia ter uma aglomeração de pelo menos uns 10 curiosos.
E assim como a Família Leão, gritavam querendo saber quem tinha sido o autor de tal façanha. Ah, se eles fossem andando pro Gol branco de Márcio que estava na esquina. Iriam nos linchar, pois não iríamos conseguir nos mexer de tanto rir.